domingo, 29 de junho de 2008

Road to Vienna: 2008 final.

Depois da fase de grupos vem aquela fase crucial. Em 90 minutos um erro pode fazer a diferença entre a vitória e uma eliminação. É nesta fase que se apura, afinal, quem veio ao Campeonato para ganhar e quem é que o consegue fazer. Oito equipas procuram chegar - pela primeira vez ou seguindo uma longa tradição - à final no estádio Hrnst Happel. Esta é a 13ª final, a sexta para os alemães, a terceira para os espanhóis. Não me arrisco a determinar um vencedor à partida, mas apoiarei a Espanha. Deixo aqui um resumo dos quartos e das meias, bem como a minha convocatória ideal para este Euro2008.

Quartos de Final

POR - GER
CRO - TUR
HOL - RUS
SPA - ITA

Num duelo de "primeiros" contra segundos", valeu a uma Alemanha muito eficaz a fraca finalização portuguesa e o desacerto na defesa das bolas paradas; a Turquia mostrou (novamente) de que fibra era feita, nunca desistindo e eliminando uma Croácia nos penalties quando já todos acreditavam que ela estava qualificada; a Rússia enfrentou, com muita coragem e um enorme Arshavin, todos os prognósticos e eliminou a Holanda, até então, melhor equipa e favorita, que não soube nem conseguiu deter a grande surpresa da competição; e a Espanha, num jogo muito especial, num dia historicamente fatídico, que importava superar se "nuestros hermanos" queriam ser campeões, venceu e eliminou nos penalties os campeões do mundo. Por entre desilusões (Portugal e Holanda) e surpresas (Turquia e Rússia) estavam encontrados os semi-finalistas. Pelo caminho ficavam as duas equipas que mais prometiam, eliminadas e condenadas a esperar mais quatro anos por uma hipótese de alcançarem a glória europeia.

Meias Finais

GER - TUR
RUS - SPA

Entre as últimas quatro equipas encontravamos duas surpresas e dois históricos. A Turquia, que pouco faltava para ter que jogar com o "águas", tendo em conta os castigados e lesionados e que mesmo assim encostou os alemães ás cordas, tendo estes passado á final cortesia de um golo de Lahm. Fatih Terim, que tinha visto uma equipa derrotada (contra Portugal) a transcender-se a passar no seu grupo e nos "quartos", saía agora de cena, vencido no seu próprio jogo e sem que a sorte lhe concedesse menos lesões e castigos. E a Rússia, que tinha empolgado os amantes do futebol com o seu desempenho, muito graças ao organizador do Zenit, uma das figuras da competição, mas que nunca, nem na fase de grupos, nem nas "meias", foi capaz de contrariar uma Espanha determinada a não desiludir, em chegar á final. Algo que, diga-se de passagem, fez muito bem.

Os meus 23 deste Euro:

Guarda Redes
Iker Casillas
Gianluigi Buffon
Igor Akinfeev

Defesas
Pepe
Carlos Marchena
Carles Puyol
Per Mertesacker
Philipp Lahm
Razvan Rat
José Bosingwa
Yuri Zhirkov

Médios
Michael Ballack
Marcos Senna
Deco
Bastian Schweinsteiger
Andrei Arshavin
Cesc Fabregas
Lukas Modric
Hamit Altintop

Avançados
David Villa
Fernando Torres
Lukas Podolski
Roman Pavlyuchenko

E agora, como diria o grande Eric Cantona num anúncio da Nike: "La grand finale..."

Euro 2008 (fase final) COMPLETO

Para verem o quadro no seu tamanho real carreguem na foto!
(após cada jogo ele actualiza-se com informações - quadro completo!)

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Análise da 3ª jornada: pontos positivos e negativos.

Na última ronda da primeira fase da competição, as posições atingem extremos e a necessidade ou de pontuar ou de fazer descansar os jogadores mais utilizados na temporada, comanda e condiciona as decisões dos 'managers' das selecções do Euro. Assim, e ao contrário do que sucede na 1ª e 2ª jornadas, alguns jogos acabam por perder parte do seu interesse, mesmo tratando-se de encontros agradáveis e bem disputados, por não existir nada a definir no grupo em causa. Outros desafios, pelo contrário, são 90 minutos de constante busca por uma última vaga, pelos últimos pontos, por um lugar nos quartos-de-final. Jogos que só acabam, verdadeiramente, quando o árbitro apita para o final da partida.


Grupo A:

+ Nihat e a Turquia. Não foi em 10 ou em 15 minutos que a selecção do bósforo consumou a reviravolta fantástica que lhes deu a vitória sobre os checos. O jogo terminava, salvo descontos, aos 90 minutos, mas Kahveci Nihat, em 3 minutos, primeiro graças a um erro de Cech (87') e depois com um golão muito bem colocado (89') deu a volta a um resultado que, desde os 60 minutos já começava a parecer mais que definitivo. Há que destacar o sacrifício e esforço dos turcos antes e depois da expulsão do guarda-redes Volkan (castigado por 2 jogos) num jogo que foi verdadeiramente decidido ao 'photo-finish'.
- A nossa segunda linha. Depois da derrota um amigo meu disse-me uma frase que, reproduzindo aqui de forma mais ou menos imprecisa, exprimia um desejo muito real para todos os que assistiram á despedida da selecção organizadora: "levem daqui os miúdos, tragam lá os homens". É verdade que tivemos azar, é verdade que o árbitro podia, numa situação ou outra, ter decidido de forma diferente, mas nada disso justifica o enxoval que foi levarmos 2 golos sem resposta de uma equipa suíça que não tinha qualidade para se qualificar caso o Europeu não fosse em sua casa. Mais parecia, a certa altura, que estávamos num jogo de despedida do seleccionador helvético e que os "amigos de Portugal" estavam a jogar contra os "amigos do Kobi". Só faltou entrar o Stéphane Chapuisat, o Alain Sutter e o Ciriaco Sforza e podíamos chamar ao jogo "Switzerland All-Stars: The gathering". Palmas para o Scolari que certamente descansou a equipa. O jogo contra a Alemanha dirá se fez bem ou não. Eu gostava de ter ganho o jogo, mas como isso não estava previsto no "menu" e eu não sou o treinador, fico contente por saber que ele também não contava para nada. Safaram-se o Ricardo e o Nani (na pintura, é claro).


Grupo B:

+ A Áustria. Quando os apostadores dão a uma equipa 3% de hipótese de vencer e ela aguenta-se 49 minutos sem sofrer golos e esta, mesmo assim, depois de se ver a perder, não se dá por vencida e tenta, na medida das suas capacidades, chegar ao empate, é minha opinião que deve ser saudada. Foi esse o caso da Áustria, que antes de entrar em campo já tinha, para todos os comentadores, casas de apostas e outros do género, perdido este jogo. Não acreditei que eles pudessem ganhar, mas acho que a Alemanha tinha obrigação de fazer melhor que isto, bem melhor que isto. Boas indicações para Portugal ou gestão de esforço? Amanhã vamos descobrir...
+ Croácia. Parabéns á equipa croata por vencer sem espinhas um grupo onde não eram favoritas e por vulgarizarem uma Polónia que nos deu imensas dificuldades (e acabou á nossa frente) na qualificação. O grupo de Slaven Bilic já não tem as estrelas de 96 e 98, por exemplo, mas mesmo assim, com uma boa mistura de veteranos (alguns trintões mesmo) e jovens (Rakitic, Modric e Kalinic, entre outros) cumpre com os objectivos, surpreendendo na Qualificação e agora no Grupo B deste Euro2008.


Grupo C:

+ Italia. A Squadra Azzurra conseguiu vencer a França e lá se qualificou, contando com a vitória da Holanda sobre a Roménia que tinha mesmo que vencer este jogo e que perante a, até agora, melhor equipa do torneio, não o conseguiu. Uma questão fica agora por responder: como irão os campeões do mundo jogar, sem Pirlo e Gattuso, contra a Espanha?
- Raymond Domenech. Um leitor atento poderia dizer que eu estou numa cruzada contra o seleccionador francês, que ainda estou zangado por causa do Mundial de 2006 e do Europeu de 2000, que não gosto da França ou dos seus jogadores. Não é verdade. Mesmo não sendo a minha favorita lamento aquilo que lhe sucedeu. Mais importante que isso, é o facto de achar que a culpa por estes falhanços europeus (2004 e 2008) não é só dos jogadores mas também do treinador (devendo, a meu ver, começar por ele), sendo normal que ele assumisse a responsabilidade por se incompatibilizar com jogadores como Trezeguet, por escolher os convocados e os titulares nos jogos, por definir a táctica e as substituições, enfim, pela gestão do conjunto gaulês (que aqui para nós, foi um desastre). Se calhar foi uma sucessão de azares, se calhar foi uma preparação deficiente, eu sinceramente não sei qualificar o motivo (ou motivos) pelos quais eles falharam (a falta de Zidane não explica nem justifica tudo), mas para bem dos "bleus" espero que um discurso de confiança e preparação para o futuro não substitua aquilo que já devia ter sido feito: mostrar a porta de saída ao Sr. Domenech.


Grupo D:

+ Guus Hiddink. Costuma usar-se a expressão "venceu e convenceu", quando uma exibição ou o trabalho de uma pessoa superou aquilo que era esperado. No caso do seleccionador da Rússia, Guus Hiddink, eu contento-me com um "venceu". Venceu quando tinha que vencer, foi inteligente na sua convocatória, ganhou aposta com Arshavin (rendeu-lhe um golo contra a Suécia) que foi convocado para a prova lesionado e qualificou-se para os quartos-de-final. A selecção russa disputa com a Croácia o título de equipa-surpresa desta competição. Este holandês, goste-se ou não dele, para além de ser um verdadeiro 'globetrotter', vai acumulando desempenhos impressionantes (e títulos) ao comando de equipas e selecções. Numa raríssima excepção, deixo aqui um link para que conheçam o percurso deste técnico ao longo dos anos.
+ A segunda linha deles. Quem são "eles" a que me refiro? Possuem mesmo uma segunda linha de jogadores assim tão forte? Falo da Espanha e não, não acho que possuam uma retaguarda de jogadores capaz de vencer qualquer um. Mas que equipa é que possui. E frente ao actual campeão europeu em título, Güiza, De la Red 'e sus compadres' foram perfeitamente capazes de alcançar a vitória. Não sem sofrerem primeiro, não sem que o golo da vitória chegasse ao 'cair do pano', mas com mérito.

sábado, 14 de junho de 2008

Análise da 2ª jornada: pontos positivos e negativos.

Volvida mais uma jornada do Europeu, descobrimos que, fosse por intenção da organização ou pura coincidência, o calendário dos jogos acabou por determinar que os 8 jogos da ronda fossem, em quase todos os grupos (com ligeira excepção para o Grupo C), disputados entre as equipas "aflitas" e entre os vencedores da ronda anterior. Em todo o caso, gostei dos jogos (tanto ou mais disputados) e fica aqui a minha análise aos resultados e respectivas consequências em termos de classificação:


Grupo A:

+ Deco. Eu sei que o Cristiano Ronaldo é que foi considerado o melhor jogador em campo contra a República Checa mas achei que, se calhar, o prémio (e o destaque) deveriam ter ido para o luso-brasileiro. Não estou nem quero retirar mérito aos outros jogadores portugueses (que fizeram uma grande exibição) apenas saliento um nome que gostei de ver.
+ A Turquia. Que foi buscar, bem no limite do possível, o golo que lhe deu a possibilidade de se qualificar, eliminando assim a Suíça, que contra Portugal já só cumpre calendário. Parabéns aos turcos, que sobrevivem para lutar mais um dia e disputarem a passagem aos quartos-de-final com a R. Checa, num jogo que deve ser bem interessante, tendo em conta o estilo diferente das equipas envolvidas e a importância do mesmo.
- Scolari. Esta vai ser um pouco controversa, porque estou mesmo muito agradecido pelos resultados e pela tranquilidade que o brasileiro trouxe para a selecção nacional e porque não estou nada ressentido com o facto de ele ir treinar o Chelsea. Apenas deixo aqui esta nota por duas razões: primeiro, porque achei que, com mais ou menos impacto nos jogadores, não era necessário nem correcto anunciar isto a meio do Europeu; segundo, porque se não gosto de ver dirigentes da UEFA a comentarem, durante uma prova, sobre quais são os finalistas que eles gostariam de ver (vide Euro 2000) também não aprecio que um responsável por uma equipa nacional favoreça implicitamente, mesmo que não-intencionadamente e apenas por via de comentários, o seu homólogo de uma nação do mesmo grupo.


Grupo B:

+ Croácia. Com Luka Modric á frente nos elogios feitos a este conjunto croata que, contra os favoritos Alemanha, rectificou a exibição do primeiro jogo e causou a maior surpresa do campeonato. Não sei se o jovem vale os 21 milhões de euros pagos por ele mas não duvido que os croatas, ao evitarem a selecção das quinas (no imediato) na fase seguinte, fizeram algo muito inteligente, deixando ainda por cima o segundo lugar em disputa entre as restantes três nações.
+ Áustria e Polónia. Grande jogo entre duas equipas que precisavam de ganhar para aspirarem á qualificação. Acabaram por empatar, mas mesmo assim não deixaram de proporcionar um bom espectáculo a todos aqueles que, no estádio ou na tv, assistiram á partida. Surpresa das surpresas, com a derrota alemã, os austríacos ainda se podem qualificar ("só têm" que ganhar o seu último jogo) deixando os adeptos da Polónia à espera de um milagre nos dois jogos que restam por realizar (do grupo).
- Alemanha. Tal como no caso do Grupo A, esta nota poderia nem estar aqui, posto que expulsões acontecem no futebol (se bem que não sejam desejadas) e Portugal não é de certeza absoluta o melhor exemplo de bom comportamento; mas é um facto que a Alemanha não foi capaz de ultrapassar a Croácia e acabou por expressar isso da pior forma, no caso com a expulsão de Bastian Schweinsteiger. Uma enorme surpresa aquilo que aconteceu neste jogo, mas o futebol é feito disto, de surpresas, e os outrora claramente favoritos alemães vêm-se agora em dificuldades e obrigados a ganhar (algo que acho que vão fazer) à Áustria para passarem à fase seguinte.


Grupo C:

+ A Holanda. Mais que "laranja mecânica", esta selecção é uma autêntico rolo compressor, esmagando tudo quanto lhes aparece pela frente, confirmando frente á França aquilo que o jogo com a Itália já tinha dado a entender: os holandeses estão aqui para ficar, vencer (e dar espetáculo).
+ (E) a Roménia. Há que dar os parabéns aos comandados de Piturca. Fizeram o que podiam contra a França, arriscaram um pouco mais contra a Itália. Pelo meio, conseguiram dois pontos e (para já) o segundo lugar na classificação. Creio que, à vontade romena, temos que acrescentar, na lista de factores que condicionam a sua potencial qualificação, a postura da Holanda, que já qualificada, terá a última palavra a dizer no jogo contra os 'underdogs' deste grupo.
+ Wesley Sneijder e "Gigi" Buffon. Um, sério candidato a Jogador do Torneio, no meu entender, se a Holanda continua a jogar como joga. O jogador do Real Madrid já foi por duas vezes o melhor em campo e vai oferecendo exibições de altíssima qualidade não só individual mas também em termos de contribuição para o colectivo da laranja. Outro, o 'keeper' da Itália, impediu - e de que maneira - que a Roménia selasse a qualificação para a fase seguinte. Que jogadores...
- França. Apesar daquilo que possa escrever, considero uma pena que os gauleses tenham (quase) saido na primeira fase do campeonato, mas num grupo como este alguém tinha que ficar para trás e eu preferia que Holanda e a Itália conseguissem passar aos quartos-de-final. Vamos ver se assim sucede... ou se na última jornada um autêntico milagre "safa" os homens de Domenech.


Grupo D:

+ Espanha - Suécia. Num jogo muito disputado entre os dois candidatos, venceu a Espanha, que continua a mostrar-se muito forte. À atenção de interessados em vencer o Euro 2008, "nuestros hermanos" estão apostados em não desiludir... desta vez. A Suécia vai jogar com a Rússia pelo segundo lugar. Uma partida a não perder.
- Grécia. Como eu esperava (e desejava), os gregos estão fora da prova. Sem jogar algo que se apresente, com uma táctica que já toda a gente conhece e viu, esta equipa teve sorte em apenas sofrer três golos até aqui. Não lamento a saída da Grécia, bem pelo contrário, e saúdo a Rússia que podia ter marcado mais do que um golo.

terça-feira, 10 de junho de 2008

Análise da 1ª jornada: pontos positivos e negativos.

Terminou hoje a primeira jornada do Euro 2008 e fica aqui a minha apreciação do melhor e do pior desta primeira sequência de 8 jogos. Porém, antes de a apresentar fica aqui a minha nota transversal em relação às lesões que têm afectado todas as equipas participantes (em maior ou menor quantidade).
Esta é a prova que reúne as melhores nações deste continente e a última coisa que se pretende é que a esta festa faltem os melhores executantes de cada país. Queremos ganhar aos melhores. Por isso lamentamos as lesões que grassam por todas as convocatórias. Posto isto, deixo-vos com a análise (sucinta e separada por grupos) da primeira jornada do campeonato europeu:


Grupo A:

+ Portugal. Cabeças de série, favoritos no grupo, como lhes quiserem chamar. A vitória por 2-0 (podiam ter sido 5) contra a Turquia, que era apontada por muitos como o adversário mais difícil dos 3 que vamos enfrentar por agora, confirmou credenciais e preparou, para a segunda jornada, a conquista do primeiro lugar nesta fase.
+ Pepe, Moutinho e Quim. Se os dois primeiros, por motivos óbvios, são menções quase obrigatórias, o terceiro nome, o do guarda-redes benfiquista que se lesionou é uma menção muito estranha, originada por uma opinião muito original, que eu fui "buscar" a um dos autores do blog, o Tomás. A lesão de Quim, se bem que muito infeliz, encerrou a questão da titularidade na baliza e deu a Ricardo a oportunidade de entrar em campo não com duas ou três prioridades em cima dele (exibir-se bem, não dar erros, manter o lugar), algo que se notava que vinha a afectar o antigo 'keeper' leonino, mas apenas uma, cumprida com segurança: ajudar a equipa a vencer.
- República Checa. Para quem se qualificou como os checos se qualificaram, chegar ao europeu e fazer um jogo tão pobre contra a Suíça é uma desilusão. A renovação que Karel Brückner prometia é, até agora, um enorme bluff. Plasil, Sionko e Jarolim não são substitutos de Nedved, Rosicky e Poborsky e a decisão de manter Milan Baros no banco não se compreende. Todavia, e é importante salientar este ponto, ainda faltam duas jornadas...
- A fruta. E quando digo "fruta" não me estou a referir a maçãs ou abacates, mas sim á monumental quantidade de pancada que os jogadores da Turquia nos deram no jogo de dia 7. Não sei se, como em outras provas, existe uma comissão que, depois dos jogos, analisa as situações que, durante as partidas não foram abordadas e que merecem uma sanção disciplinar mas creio que, a existir, as "entradas" sobre Nani, Simão e C.Ronaldo deveriam ser alvo de um inquérito. Jogadores como Servet não deviam voltar a jogar e faltas como as que sofremos, que podiam muito bem ter arruinado com a carreira dos nossos alas, não deviam ser permitidas. A táctica turca, por mais eficaz (e suja) que possa ser, não deve ser aplicada á margem das leis do jogo.


Grupo B:

+ Podolski, Gómez e Klose. Fizeram a vida negra aos polacos e culminaram uma exibição colectiva que mostra que, acima de tudo, esta Mannschaft é candidata. Parabéns ao treinador Löw por conseguir anular Smolarek e companhia, impedindo-os de atacarem uma vez que seja (com perigo) a baliza de Jens Lehmann.
- Insonso. O jogo entre a Áustria e a Croácia. Não gostei de ver nenhuma das selecções e juro que não compreendo como é que os croatas acham que o Luka Modric pode ser o melhor jogador do Euro. A verdade é que eu não espero ver muito da selecção da casa, mas a Croácia possui qualidade para disputar a passagem no grupo. Fico á espera que melhorem a qualidade do jogo, visto que nada tenho a acrescentar em relação aos resultados (ganharam o jogo em causa).
- Leo Beenhakker. Num gesto de coragem ou de alguma burrice, Leo Beenhakker afirmou que não alteraria nada na estrutura da sua equipa para o jogo com a Alemanha. Devia ter mudado. O ex-seleccionador da Trinidade e Tobago quis mostrar que a Polónia está por mérito próprio no Europeu, o que é verdade. Mas a meu ver, cometeu um erro crasso.


Grupo C:

+ Holanda. Uma vitória demolidora sobre os campeões do mundo concede a qualquer equipa uma injecção de moral e de confiança para o resto da prova. A equipa "laranja", parente pobre dos três grandes presentes no grupo já leva vantagem sobre a França e sobre uma Itália que até podia ter marcado mas que, paradoxalmente, sofreu imenso com o contra-ataque holandês. Uma brilhante exibição do conjunto de Van Basten e, até ver, o melhor jogo da competição.
+ Roménia. Um ponto contra os gauleses, conquistado com maior ou menor dificuldade, vale sempre imenso. A equipa de Piturca, com muita defesa e coragem, arrisca-se a repetir a façanha de 2000, quando deixou dois colossos para trás e passou à fase seguinte. Eu não acredito que isso venha a acontecer mas mesmo assim este empate é um bom começo para a equipa de Mutu e dá-lhes algo porque lutar para o próximo encontro contra a Itália.
- França. Esperava-se mais desta selecção. Acidente de percurso ou prenúncio do fim para Raymond Domenech? Como é que se passam 90 minutos com apenas um remate á baliza (Benzema, 52')? Na próxima semana o jogo contra a Holanda é fulcral para as aspirações dos "bleus". Se a Roménia não perde o encontro, os franceses estão obrigados a pontuar para não terem que fazer contas na última jornada.


Grupo D:

+ Villa, David Villa. O avançado foi o principal responsável pela primeira goleada do europeu. Três golos e um bom entendimento com Fernando Torres marcaram um jogo bastante agradável de se ver, uma partida em que a Rússia fez o que podia frente a uma Espanha que, no seu melhor estilo, se fartou de marcar, contrapondo as tentativas de Pavlyuchenko com os golos de contra-ataque. A questão que se põe neste momento é a do costume: e agora, Espanha? Será que finalmente arrancam para uma candidatura a sério ou esta vitória é apenas "fogo-de-vista" no caminho para a habitual desilusão que são as prestações de "nuestros hermanos"?
+ Os golos. Nos jogos do Grupo D tivemos quase tantos golos (7) como nos outros jogos todos (9) juntos. Não é uma crítica, antes uma nota positiva, algo que importa realçar. O futebol não vive sem golos e poder ver executantes tão bons como Torres, Villa e Ibrahimovic é mais do que um prazer, é um privilégio.
- 2-0. A Suécia não merecia levar com estes tipos pela frente. A Grécia voltou a fazer das suas e, fiel ao seu lema, ξεπεραστεί από την ανία, "pelo tédio venceremos", tentou arrancar um ponto na sua caminhada para o empate (vitória só se for necessário) final. Quase conseguiu. Em cinco minutos os suecos marcaram dois golos e selaram aquele que se espera que seja o destino desta equipa, a derrota. Não apenas porque ganharam o "nosso" Euro2004, mas sim porque defender não chega, porque não vejo qualidade nesta equipa para passar o grupo e, acima de tudo, porque não acho que se justificava, perante este adversário, ver a selecção campeã a jogar claramente para o empate.

quarta-feira, 4 de junho de 2008

Road to Euro 2008: a Holanda

O uso, quer seja por meio de uma simples referência ou por meio de uma ligação intencionalmente estabelecida, das expressões "laranja" e/ou "mecânica" quando associadas à principal selecção holandesa de futebol tornou-se há muito tempo um lugar-comum. Tentei evita-las porque, sem conquistas desde o Europeu de 1988, a Holanda somente conseguiu, depois dessa final contra a União Soviética, chegar a três meias-finais (1992, 2000, 2004) tendo, no entanto, como pior registo, uma eliminação nos quartos-de-final (1996, perdeu por 5-4 com a França nos 'penalties'). Para os adeptos, saudosos do "futebol total" e da "laranja mecânica", a sua selecção tem falhado, perante a pressão e exigências postas nela, numa visão de 'copo meio vazio' própria de quem vê a sua equipa sempre conotada como uma das favoritas e ambiciona vitórias.

Com uma qualificação não muito difícil, disputada em especial contra a Roménia e a Bulgária, a Holanda apurou-se para o Euro 2008 após ter ficado em segundo lugar no Grupo G, com mais um ponto que os búlgaros e menos três que os romenos. Marcando poucos golos (15) e sofrendo ainda menos (5 golos sofridos fizeram deles a melhor defesa da fase em conjunto com a França e R.Checa), os comandados de Van Basten chegam ao Europeu da Áustria e da Suíça com mais um bom conjunto de jogadores, que inclui muitos "veteranos" (como Ruud van Nistelrooy e Edwin van der Sar), que têm nesta prova a sua última oportunidade para conquistarem algo pela equipa nacional. Fica aqui a lista de convocados:

Guarda-redes
01 Edwin van der Sar (C)
(Manchester United - 37 anos)
13 Henk Timmer
(Feyenoord - 36 anos)
16 Maarten Stekelenburg
(Ajax - 25 anos)

Defesas
02 André Ooijer
(Blackburn Rovers - 34 anos)
03 Johnny Heitinga
(Ajax - 24 anos)
04 Joris Mathijsen
(Hamburgo - 28 anos)
05 Giovanni van Bronckhorst
(Feyenoord - 33 anos)
12 Mario Melchiot
(Wigan - 31 anos)
14 Wilfred Bouma
(Aston Villa - 29 anos)
15 Tim de Cler
(Feyenoord - 29 anos)
21 Khalid Boulahrouz
(Sevilha - 26 anos)


Médios
06 Demy de Zeeuw
(AZ Alkmaar - 25 anos)
08 Orlando Engelaar
(Twente - 28 anos)
10 Wesley Sneijder
(Real Madrid - 24 anos)
11 Arjen Robben
(Real Madrid - 24 anos)
17 Nigel de Jong
(Hamburgo - 23 anos)
20 Ibrahim Afellay
(PSV - 22 anos)
23 Rafael van der Vaart
(Hamburgo - 25 anos)

Avançados
07 Robin van Persie
(Arsenal - 24 anos)
09 Ruud van Nistelrooy
(Real Madrid - 31 anos)
18 Dirk Kuyt
(Liverpool - 27 anos)
19 Klaas-Jan Huntelaar
(Ajax - 24 anos)
22 Jan Vennegoor of Hesselink
(Celtic - 28 anos)

Numa primeira análise, e tendo em conta que dos 23 originais apenas falta Ryan Babel, substituído por Khalid Boulahrouz, eu diria que a maior vulnerabilidade desta equipa se situa, paradoxalmente, na defesa. Excluindo os guarda-redes (Edwin van der Sar, com as suas 125 internacionalizações oferece uma enorme garantia de segurança aos adeptos laranjas), creio que faltava na convocatória o Boulahrouz (apesar de não ser o meu jogador favorito) e que a exclusão deste e de Urby Emanuelson, poucas vezes titular na qualificação mas um jogador mais novo, em detrimento de defesas como Ooijer, Melchiot e Bouma (um pouco menos no caso do Ooijer, muito mais no caso dos outros dois) não se justifica, sobretudo se tivermos em conta a política do seleccionador, que apostou em lançar jovens jogadores na formação sénior, provenientes das selecções que asseguraram a conquista dos Campeonatos da Europa de Sub-21 de 2006 e 2007.

No plano oposto, os mais optimistas prevêm que Robin van Persie e Ruud van Nistelrooy tenham, neste Europeu, grandes exibições, confirmando aquilo que foi, até aqui, a sua enorme importância no jogo holandês (Van Persie foi, inclusive, o melhor marcador da equipa na qualificação com 4 golos). Recheado de grandes jogadores, o meio campo ofensivo e o ataque da Holanda rivalizam com o das mais fortes selecções europeias e justificam o estatuto de candidatos que lhes é atribuído. De destacar também o trio formado por Rafael van der Vaart, Arjen Robben e Wesley Sneijder que, segundo os últimos testes e indicações de Van Basten, irá ser componente fulcral do 11 titular no primeiro jogo deles, contra a Itália.

Inserida naquele que considero ser o "grupo da morte" deste Campeonato Europeu, o Grupo C, a Holanda enfrentará a Itália (dia 9), a França (dia 13) e a Roménia (dia 17), selecções que causam apreensão nos adeptos, não por serem inacessíveis, mas porque representam o principal teste ao conjunto liderado pelo ex-campeão europeu. A principal dúvida em relação a esta equipa não é sobre a sua qualidade ou sobre a capacidade dos seus jogadores, não, a grande incógnita que preocupa os fãs holandeses prende-se com a reacção que o conjunto terá, perante a dimensão deste desafio. Por isso, e porque até aqui a defesa laranja apenas se deparou com adversários como a Eslovénia, a Bielorrússia, a Albânia e, no pior dos casos, a Bulgária e a Roménia, as principais críticas feitas a este incidiram sobre este sector.

Não acredito que a Holanda vá ganhar o Euro 2008. Creio, no entanto, na qualidade desta equipa (na "surpresa" Klaas-Jan Huntelaar?), nos seus jogadores, e acho que, eventualmente, irá ser eliminada na segunda fase da competição (nos 'quartos' ou nas 'meias') fazendo votos, todavia, para que isso não aconteça.