sexta-feira, 29 de fevereiro de 2008

A importância de um Derby

Mais do que um jogo em que a nossa equipa ganha por 5 a 0, mais do que aqueles 90 minutos em que damos uma valente 'coça' no adversário, mais do que muitas vitórias esperadas e desprovidas de significado, vencer os nossos rivais é algo de superior, vencer os nossos rivais é algo que verdadeiramente nos motiva, que nos mostra que (quando estamos na mó de baixo) ainda existem coisas que não mudam, que nos assegura (quando estamos bem) que somos de facto os melhores.
As grandes equipas não surgem nos pequenos jogos, contra emblemas pequenos ou médios, surgem nos grandes desafios, naqueles dias imemoriais em que nos juntamos todos contra uma só força, igual ou maior que a nossa, convictos de que, acima de tudo, vamos vencer.

São esses encontros, contra rivais da mesma cidade ou (em casos muito especiais) da mesma liga ou divisão, que designamos de Derby.

Old Firm, Fla-Flu ou Superclássico não são expressões sem qualquer sentido, são termos que ilustram a rivalidade, a história, os resultados, o amor (e o ódio), que envolvem estes jogos muito especiais.

Para nós, um jogo entre Benfica e Sporting representa um choque entre rivais, adversários, uns mais aristocráticos outros mais populares, uns verdes, outros vermelhos, "lagartos" ou "lampiões", sportinguistas ou benfiquistas.
O "Derby da Capital" joga-se duas vezes por ano, uma no Estádio da Luz e outra no Estádio Alvalade XXI. Este domingo, para os fãs destas duas equipas, é dia de Derby, um Sporting - Benfica que promete reacender a já centenária rivalidade e que apenas contribui, infelizmente, para a decisão do vice-campeão no campeonato.

Prometi que falaria da importância de um derby, e assim farei, analisando as estatísticas por detrás deste encontro (SCP-SLB) e o seu contributo para a decisão do nosso campeonato (a antiga SuperLiga, agora bwin Liga).

Em termos de jogos entre Sporting e Benfica para o campeonato, já se realizaram 147 encontros, com 44 vitórias para os "leões", 36 empates e 67 vitórias para o "glorioso".
Numa análise inicial podemos afirmar que o SLB possui uma margem confortável de vitórias em Derbys, sendo esta suportada em grande parte pela sua capacidade de vencer o seu rival no antigo Estádio José de Alvalade, agora Estádio Alvalade XXI.
Quando o Sporting jogou em casa venceu apenas 30 vezes, empatou 15 e perdeu 28 jogos, num registo que o deixa apenas a duas derrotas de um "empate" nos confrontos realizados em sua casa. Por outro lado, das 74 vezes que se jogou na Luz, o Benfica apenas perdeu 14 jogos, empatando 21 e vencendo as restantes 39 partidas, mostrando que, pelo menos em termos estatísticos, o Estádio da Luz é um palco mais difícil para uma equipa visitante do que o campo do rival lisboeta.
Nesta última década (isto é, desde 99/00 até 07/08), os jogos entre SLB e SCP têm sido incrivelmente equilibrados, com 6 vitórias para cada lado e 5 empates. Esta equação irá, espero eu, ser resolvida daqui a dois dias mas mostra uma coisa que todos já sabemos, acima de tudo, estes jogos são imprevisíveis, apenas servindo as estatísticas para satisfazer a curiosidade dos mais interessados.

Algo lamentável e que demonstra a pouca importância que estas partidas podem ter no contexto dos últimos campeonatos nacionais é o facto de excluindo as temporadas de 99/00, 01/02 e 04/05 (3 temporadas em 9), os dois rivais terem terminado a liga a disputar entre si o 2º e o 3º lugar, tendo o FC Porto ganho muito com isso.
Não que isso seja culpa dos jogos entre si, antes pelo contrário, SLB e SCP possuem uma instabilidade e intranquilidade muito própria que os prejudica imenso nas competições que requerem regularidade e constância, como é o caso dos campeonatos; apenas é uma pena que, chegada á altura deste jogo, os dois "grandes" de Lisboa já estejam praticamente (para não dizer garantidamente) afastados da luta pelo título.

Mais do que uma vitória do SLB neste derby, anseio por uma boa década em que estes dois clubes sejam mais regulares e não tenham resultados e exibições tão dispares ao longo do ano, dando verdadeiramente luta ao quase tricampeão Futebol Clube do Porto que, apesar de ir perdendo, de tempos a tempos, uns pontinhos, e de ter passado por um mau bocado nas épocas pós-Mourinho, continua a vencer e a ter uma margem de confiança que, mais do que reforçada pelos 12 pontos de vantagem ou pela qualidade do plantel existente, é garantida pela consistência e pela tranquilidade que moram no Dragão.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Este post é o primeiro (de muitos espero eu) integrado na rúbrica jovens promessas que achámos últil e interessante adiccionar ao nosso blogue. Aqui vão ser apresentados alguns jogadores que embora desconhecidos para a maioria das pessoas, consideramos valerem a pena serem divulgados e comentados pelo seu valor.


Achille Emana

Mais um médio ofensivo fruto da recente evolução do futebol, combina de uma forma muito segura as funções de organizador de jogo e recuperação defensiva, dotado de uma capacidade física e técnica que lhe permitem ocupar todos os espaços do meio-campo, Achille Emana tem-se vindo afirmar como pedra fundamental do onze de Toulouse onde joga desde 2000. É mais um de muitos diamantes africanos que o futebol europeu tem para explorar, este médio de 25 anos nascido nos Camarões é um jogador a ter em atenção e vai muito provavelmente despertar a atenção de alguns gigantes por esta Europa fora.


Éderson

Éderson é um médio ofensivo puro de 22 anos, um nº 10 irreverente ao bom estilo brasileiro. Impressiona pela sua capacidade técnica, ágil na finta e preciso no passe, este “vagabundo” que junta ao seu leque de atributos uma eficácia brutal nos lances de bola parada, despontou para o futebol no RS Futebol, tendo vestido as cores do OGC de Nice nas últimas quatro temporadas onde se destacou como um dos melhores médios ofensivos a actuar na liga francesa não sendo de estranhar que o gigante Olympique Lyonnais o tenha contratado no recente mercado de inverno. É um jogador de enorme qualidade que pauta pela diferença, dá gosto vê-lo jogar, é mais um jovem promissor que proponho que sigam com atenção.


Manuel Fischer

Também conhecido como “o pés d’ouro” este jovem ponta de lança alemão de apenas 18 anos, impressiona pela sua facilidade em fazer golos. Rápido, inteligente na desmarcação, liberdade para rematar com os dois pés e como referi uma presença letal na área Manuel Fischer é uma forte promessa da já longa e tradicional escola alemã. Impressionou bastante no Europeu sub17 de 2007 onde foi eleito melhor marcador. Desde então tem sido sondado por alguns clubes europeus, sendo o Chelsea um dos que mais interesse demonstrou no jovem avançado, ainda que Fischer tenha optado por permanecer no VFB Stuttgart clube que o formou.

sábado, 16 de fevereiro de 2008

O lado escuro da magia de Harry Potter


Mustang, Harry Potter, Gipsy king, senhor dos anéis… Simplesmente Ricardo Quaresma. A metamorfose de alcunhas que o assinalam espelha bem que não se trata de um jogador trivial. Diamante por lapidar em Alvalade, génio incompreendido em Camp Nou, o cigano atinou no Porto, Campeão da Europa em título, relançando a sua promissora carreira, afamando o seu nome ao lado dos maiores génios da actualidade, que entre outros pontos altos consistiu a sua nomeação para a melhor equipa da Europa (2007) numa votação preconizada pela UEFA, organismo máximo que tutela o futebol europeu. Desde então meio mundo atrás do seus préstimos, sedentos de ver a sua feitiçaria no seu palco predilecto: rectângulo verde. Contudo, o seu temperamento delicado, de índole cigana, faziam-no mergulhar em águas escuras, e não raras vezes o mago descia à terra e os demais não o perdoavam. Ilustre ausente do mundial da Alemanha, problemas com Co Adriansse que o repeliram inclusive para o banco de suplentes, era tudo o reflexo dos dribles inconsequentes, enfeites inúteis, parca objectividade, pouco rigoroso tacticamente e pouca nitidez das suas jogadas. Confundia muitas vezes competição com exibição, e os assobios eram pois uma constante… é o lado escuro da magia de Quaresma. Todos os génios passam por momentos destes, de algum devaneio acerca daquilo que podem fazer individualmente e para o colectivo, tal a dimensão da sua criatividade, sob pena de serem devorados pela sua própria magia. Génio que é génio, jamais poderá fugir do seu destino. Para Quaresma fazer o que os outros fazem não chega, o risco tem de ser palpável, o medo de errar simplesmente não existe, o “um para um” é um modo de estar em campo, subsiste a necessidade inata de estar um passo à frente, um túnel, um cabrito, uma diabrura, uma trivela, bem como tudo o que o torna distinto do mais comum dos mortais. Futebol e fantasia são sinónimos no seu dicionário, e um não vive sem o outro, proporcionando momentos de rara beleza! É o preço por ser diferente dos outros, é esta a sina de uma estrela… é a sina de Ricardo Quaresma.